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Megaoperação no Complexo do Alemão e na Penha deixa 121 mortos e é a mais letal da história do Rio


Criado por: Lavínia Novas
Responsável: Prof. Gordon

Uma megaoperação policial realizada nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, nos dias 28 e 29 de outubro de 2025, resultou em 121 mortos, segundo balanço oficial do governo do estado divulgado nesta quarta-feira (29). A ação, batizada de “Operação Contenção”, tinha como objetivo combater a expansão do Comando Vermelho (CV) e prender suas principais lideranças. Entre as vítimas estão quatro policiais e 117 suspeitos. O episódio, já considerado o mais letal da história do Rio, provocou forte reação de moradores, ativistas e entidades de direitos humanos, que classificaram o ocorrido como um “massacre” (CNN).

A relevância do caso vai além dos números: a operação reacende o debate sobre o uso da força policial em áreas periféricas e o limite entre o combate ao crime organizado e a violação de direitos humanos. Especialistas e instituições, como a Defensoria Pública do Rio de Janeiro, alertam para a falta de transparência nas ações e para o risco de execuções extrajudiciais. A Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) anunciou apoio às famílias afetadas e pediu uma investigação independente. O alto número de mortos levou o Instituto Médico Legal (IML) a ser temporariamente fechado para identificação dos corpos, o que evidencia a gravidade e o impacto da operação na estrutura do estado.

Segundo o secretário da Polícia Civil, Felipe Curi, os confrontos se concentraram em áreas de mata na Serra da Misericórdia, onde drones registraram a fuga de criminosos. Moradores relataram ter encontrado dezenas de corpos na região, totalizando ao menos 74 mortos, levados por eles mesmos até a Praça São Lucas, na Penha. Curi confirmou que 63 corpos foram achados na mata e afirmou que todos os mortos passarão por perícia para verificar a relação com a operação. Até o momento, 113 pessoas foram presas, sendo 33 de outros estados, como Amazonas, Ceará, Pará e Pernambuco.

Durante coletiva, o governador Cláudio Castro (PL-RJ) classificou a ação como um “sucesso”, afirmando que apenas os quatro policiais mortos são “vítimas” da operação. O posicionamento gerou ampla repercussão negativa, especialmente após a divulgação de vídeos que mostram moradores retirando corpos de áreas de confronto em cenas que lembram um cenário de guerra. Enquanto o governo defende a ofensiva como necessária para conter o avanço do tráfico, organizações sociais denunciam o episódio como o pior massacre urbano da história do estado, cobrando responsabilização e transparência sobre o que realmente ocorreu nas comunidades da Penha e do Alemão (UOL).